quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Filosofando sobre o BDSM

O BDSM é o invólucro de um tipo de relação complicada, a relação D/s. Tem gente que afirma existirem tipos diferentes de BDSM... tem gente que afirma os tipos diferentes de Dominação... e tem gente que afirma os diferentes tipos de submissão.
Será que dá pra diferenciar tantas coisas? Ou na realidade é o SER HUMANO que se diferencia? E portanto, as relações que eles estabelecem?
O BDSM é um só... regido pela máxima do SSC. (ponto)
As relações estabelecidas... estas sim, se modificam!
Com mais gritos, mais falas mansas, mais olho no olho, mais castigo, mais dor, menos dor, mais humilhação, mais gritaria, menos carinho, mais liturgia, menos sexo, mais hierarquia, mais sexo...
Mais disso e menos daquilo... cada relação se forma de maneira diferenciada com ingredientes também diferenciados... a grosso modo, podemos compará-las a um bolo... muito açúcar e pouca farinha, desandam o bolo, da mesma forma que pouco fermento pode solá-lo. Assim é tão difícil ver, no mundo BDSM relações de D/s que durem anos... elas acabam “desandando” com o tempo, pois passa-se a se acrescentar muita baunilha... ou muita pimenta. Se tem muita baunilha a sub vira sua faxineira, doméstica... se tem muita pimenta vira seu saco de pancadas.
Eu gosto de bolo com um toque de baunilha, mas também gosto de chocolate com pimenta! E também gosto de canela e de menta!
No final das contas eu diria que o BDSM não tem categorias, mas tem diversas formas de ser encarado! Ou melhor... 3 níveis de profundidade. LIGHT, SOFT e HARD. Cada um destes níveis, provavelmente, poderia ser re-re-re-dividido... mas como abordo por um lado filosófico-psicológico, prefiro manter em 3 níveis. 
LIGHT:
É o BDSM de internet, de curiosos e de fetiche. Não que as 3 coisas sejam iguais. Mas os curiosos ou aqueles que entram em chats para ouvir sobre BDSM, em sua maioria, chegam a sessões virtuais ou pelo telefone e se chegam a sessões reais, no máximo, a uma ou duas sessões únicas, que vão carregar como lembrança pro resto da vida. São poucos os Tops que começaram assim, na verdade não conheço nenhum. E poucos os subs que foram iniciados dessa maneira e continuam no meio... alguns, poucos, sortudos, que iniciaram com Dominadores sérios. E cá entre nós... Dominadores sérios não andam em salas de bate papo na madrugada... a não ser por curiosidade... ou insônia!
Por que coloco os “fetichistas” nesse primeiro bloco? Simples. Para eles o BDSM é só para apimentar o sexo. A maioria é casado(a) e tem sub ou subs com quem se encontram em motéis para sessões. (ponto) Quer dizer, ponto mesmo, fim. Acaba ali. Sem manter relação verdadeira. É só sexo. Sexo apimentado. Mas sexo. Top e sub voltam para casa levando consigo marcas e lembranças que 99% das vezes jamais se repetirão!
SOFT:
É o BDSM praticado como Filosofia de Vida. E não falo só das relações 24/7, nem das relações de namo D/s, falo também das relações, que, mesmo sendo ocasionais, têm como princípio o ser 100% Top, ou 100% sub... ou 100% switcher. (risos) A questão que levanto é que vejo por aí diversos Dom’s com e-mails alternativos de sub, Domme e outras coisas... Será um caso de duplicidade ou triplicidade de personalidades? Ou, arrisco-me... é sem vergonhice mesmo! Outro ponto interessante sobre a Dominação é que alguns “Dom’s” casados, têm hora pra chegar em casa... a patroa os domina! E por falta de capacidade para dominar em casa, procura subs desavisadas para supostamente “Dominar na rua”.
Deixo aqui um link do blog “Surto paranóico das submissas de alma”, onde as “meninas” tratam exatamente disso! E de maneira muito interessante! Façam boa leitura!
Na outra face da moeda está o sub. Que tem que ter a clareza de que carregar a coleira de um Top e seu nome, é como se carregasse o próprio Top o dia todo, portanto, se cometer um erro, disser uma mentira ou ultrapassar os limites, envergonha não só a si mesmo (a), mas também ao seu Dono (a). Mas eu bato na tecla de que uma submissa não é uma escrava, pois o escravo era comprado e não tinha direitos, já a submissa é uma serva, a servidão é opcional, você escolhe quem você serve, e se um dia quiser deixar de servir, é só entregar a coleira. E sim, o sub tem direitos sim! Na verdade para que o “C” do SSC funcione, o sub tem que ter o direito de pedir água. De parar a sessão!
HARD:
É o BDSM praticado sob 2 circunstâncias:
Na primeira – é o BDSM praticado de forma Light, tanto faz se é só o sexo em sessões esporádicas ou via internet, ou se é com uma prática vivencial; mas que chega às vias do Sado-Maso. Por isso é hard. Pelo “peso”, pela dureza das marcas, pela quantidade da dor. Hard porque tem muito peso, muita dor.
Na segunda – é o BDSM praticado de forma Soft, mas com uma vida 24/7 de D/s. Não se enganem. Entendam do que falo. Seria eu, Top, dominando cada ato, cada segundo da minha pet. Desde o momento em que acorda até o tempo em que dorme! Seria a prática da Liturgia Ritual diariamente. Seria o ensinar constante, seguido do prêmio ou da punição. Adestramento. Teoria de Skinner, que tratou amplamente da psicologia comportamental ou Behaviorista. Onde se trabalha com o Reforço Positivo ou Negativo. No Reforço Positivo – o prêmio. No Reforço Negativo – a punição ou castigo.
É realmente o outro extremo da linha! Seria, por exemplo as Hierarquias levadas ao extremo de se ter 2 ou mais subs dentro de casa e um poder sentar no sofá, pois tem uma hierarquia mais alta e o outro não, pois pertence a uma hierarquia mais baixa.
Seria o “casar” com a sub e mante-la em lingerie e coleira o dia todo, vivendo um “Dogplay” as 24 horas do dia! Conheci, certa feita, um casal assim. Ela era linda, longos cabelos ruivos e olhos verdes, o corpo cheio de curvas nos lugares certos, doce e meiga. Depois de algum tempo, voltando ao mesmo Clube, vi o Top novamente e de cara perguntei se não tinha dado certo com aquela moça. Ele surpreso falou que tinha e me apontou uma coisinha no chão. Realmente uma coisinha... um feixe de palitos, cabelos escuros e curtos, toda encolhida. Então perguntei se ela não era ruiva. Ao que ele me disse que ela tinha apanhado bastante por mentir sobre o tom de seu cabelo, mas que agora havia aprendido. Aquele homem conseguiu “matar” aquela alma submissa. Espremendo-a de tal forma, submetendo-a de tal forma, que nada restou.
Todos os Hard são assim?
Não! Ou provavelmente não! Na verdade não conheço muitos que deram certo... nem aqui no Brasil, nem na Europa.
Mas a verdade é que eu não sou o “Papa” no assunto, assim como ninguém o é! Não existe cartilha! Nem Manual! Por que? Simples. Porque a filosofia-psicologia comportamental varia, portanto, isso quer dizer que o comportamento humano varia! E assim... voltamos ao início... o BDSM é um só. Regido pela máxima do SSC!
Mas o comportamento individual é que vai “dar o tom” do que é são. Para mim e para a minha pet, uma chicotada de chicote único, com a minha força toda nas costas, não é nada são, pois, com certeza traria um corte, sangue e uma cicatriz. Mas... não tem pets que adoram olhar suas marcas, seus hematomas e “medem” as cicatrizes... do mesmo jeito que os adolescentes “medem” o pênis?
A questão final é a seguinte, se refletirmos sobre todas essas teorias: ninguém tem poder, envergadura ou legitimidade moral para “legislar” sobre a sexualidade humana. Todo mundo tem direito a ter a sexualidade mais feliz e prazerosa, que puder ou quiser, de acordo com seus limites.
Se o casal é feliz sendo "baunilha", fazendo papai e mamãe de luz apagada, vai fundo!
Se o casal segue a filosofia de vida BDSM, pois assim sente mais prazer, siga em frente!
Se você acredita numa filosofia de vida onde se inclui o swing... por que não? É problema seu! Manda ver!
Se você é homossexual ou bissexual, melhor viver isso do que esconder-se disso! Viva!
Qualquer que seja o seu modo de ver e viver o sexo... é seu. E portanto, legítimo! Siga-o!
O que realmente importa? REALMENTE...
Importa que o casal se respeita, se ama, tem diálogo, é cúmplice e aceita um ao outro. E se sente mais prazer numa relação dessa forma do que de outra... ótimo!
Seus momentos íntimos não devem ser vistos como “amorais”, “imorais” ou como “perversão”, e sim como uma faceta da sua sexualidade.
E cada um de nós tem direito á exploração da sua sexualidade. Mesmo dentro desse país carola e sentencioso em que vivemos!

ATENÇÃO!
Gostaria de alertar aos leitores que se houver divergências ou discordâncias a respeito do que aqui foi postulado, Existe uma página chamada "Embasamento", onde exponho toda a teoria psicológica, filosófica e sociológica na qual me embaso para dizer o que digo!
Assim, se não concordarem... discordem dos teóricos! Mas, por favor, mantenham a educação, mesmo ao discordar!

Por hoje é só!
Que o GADU esteja com vocês!
.'.HERR THOR.' .& Hope  Subway

2 comentários:

{lala}_Sr Cruel Rio disse...

Ola Sr

Invadindo seu cantinho para dizer que
concordo quando escreve que cada um deve ser feliz da forma que é, da forma que sente..Se é feliz que continue feliz.
Devemos seguir o que acreditamos, experimentando sempre coisas novas, e aprendendo mais a cada dia.
E nao é apenas o Brasil que é um pais "carola".Na Europa sinto que as coisas são bem piores..e por outro lado, existem outros lugares no mundo onde a sexualidade chega a ser proibida as mulheres...

Um abraço a sua pet

Saudações

{lala}_Sr Cruel Rio

.'. Herr Thor .'. disse...

{lala}_Sr Cruel Rio:
Agradeço pela visita e pelo comment, entretanto, não se deixe enganar, Europa e EUA tem uma postura sexual muito mais ampla, variada e aberta que o Brasil.
O Brasil, apesar de transparecer uma postura aberta, sexy e progressista para o exterior, fora do Carnaval, permanece retrógado e carola, provavelmente devido às questões relogiosas que envolvem o sexo.
Mas nós, BDSM convictos, devemos trabalhar para mudar essa postura sexual.
Conto com vc e o Senhor Cruel Rio nessa jornada.
Que o GADU esteja com vc!
.'.HERR THOR.'.